domingo, 9 de novembro de 2008

Cuide de mim por hoje
Alimente minhas feridas
E meus vicios
Compre bebida quando eu estiver
Sobrio
E deixe que eu durma perto
Da sua carne quente
Depois de te ver limpar
Toda a maldita sujeira
Que eu fiz pela casa
E então bebado demais
Para balbuciar algo compreensivel
Eu irei dizer – te amo.
E você dira que eu sou
Só mais um bebado tolo
E o seu sorriso me diz
Que ao acordar
Iremos ao bar mais proximo
De mãos dadas
Para aguentar a solidão.

sábado, 2 de agosto de 2008

Balada em tons de vermelho.

Ela então derramara seu fogo lento/ Sobre tudo que já temos/ Ela então encontra na carne de meu corpo um momento a menos/Ela então arrebentara o amanhecer pintando o céu de minha boca de vermelho/Ela arrebentara minha carne com seu soco certeiro/E pintara os tons de tarde com os seus tons passageiros/Pintora tão distante de punho e riste e sorriso certeiro/Derramara sobre meu coração seu tom de vermelho/E afagara meu cabelo com um gesto de quem arranca com carinho o coração alheio/E pintara minha alma com seus tons de vermelho.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ele então se levantou com todas as promessas e imperfeições do mundo em sua cabeça amassada de insônia e cansaço, com o cheiro agradável de orquídeas que ela usava há tanto tempo. Olhou em volta, ainda era o mesmo quarto, sempre seria aquele quarto. E não havia nada no mundo mais agradável do que aquelas roupas bagunçadas e cinzas de cigarro por todos os lados, aquela janela aberta que dava pro vizinho, também insone, o qual nunca havia visto de perto. Nada tão meticulosamente perfeito quanto o desenho das rachaduras na parede, tão completo como a estante dos velhos livros que eram lidos no tempo em que se lia. Hoje, ele sentenciou a si mesmo com um sorriso nos labios. Era hoje. Tomou seu banho e fez a barba, e dessa vez foi mais demorado. Fez café, buscou pão, cumprimentou a velha ranzinza e fofoqueira de sempre. Acenou para o porteiro do prédio ao lado e não comprou o maço de cigarros habitual. Ao invés disso comprou aveia para comer com leite, bem moída, parecendo vômito, como dizia sua mãe. Voltou para casa com a sensação que precede a maré de alegria que envolve a todos nós,quando paramos de pensar a respeito dos problemas. Então tomou o leite com aveia olhando para o relógio, finalmente eram duas horas pensou. Limpou a louça e deixou uns trocados para a mulher da faxina.

Foi encontrado morto na manhã seguinte, “suicídio” diziam os vizinhos e amigos, “ele andava cabisbaixo” sentenciavam aqueles que não o conheciam bem, mas eu sempre me pego pensando que foi algo muito maior, como quando um pássaro ferido reaprende a voar.

domingo, 27 de julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sonho na casa das estações.

Sobre o amor maior que não cabe em palavras ou tristeza
Mas que talvez coubesse num poema ou numa poça de sangue,
Ou quem sabe num sonho bom ao despertar.

Para Beatriz.


Lucifer almejou ao céu de estrelas calmas enquanto a tarde caia sobre todos nós e tantos outros desejaram tanto e tanto que seus corpos se tornaram nós desfeitos e a sós eu e você compartilharemos a trilha dura e surda da vida sabendo que somos pó perante a tudo mas o que eu almejo talvez seja só o que está atras dos seus olhos só almejo aquilo que parece pouco num final de tarde enquanto acendo um cigarro e as estrelas caem pela profundidade do limiar do campo e do tempo de almas mortas e eu não quero mais a fumaça do odio devastando meus sonhos mesquinhos e eu não quero ter que sonhar para acordar em sono e te querer presa em mim com pressa assim de um modo que eu não queira mais me soltar e eu não posso almejar mais nada que não seja o breve limiar da estrada de te querer dentro de mim porque só assim é que posso parar de sangrar e correr em circulos e ao te sentir é que descubro como sinto e só assim reparo como sinto tão pouco agora que andas longe a percorrer tudo e eu aqui parado enquanto tudo esta em chamas tudo esta em sangue e minha alma louca cansou de percorrer esses mesmos bares e ruas e gente e gostos e cheiros e gestos cheios de infinita dissolução e eu não quero mais percorrer a dor de quem caminha sem a metade que vem lhe engolir os medos agora você é meu segredo e me contorço de forma clara como quem nasce sem ver pela segunda vez e você é a luz que espera uma esfera que me diz aonde devo me deixar engolir você é a paz certa que se derrama sobre mim me confude me contude me deixa alerta você é o todo mundo porvir então abro os braços e pulo pela margem não importa a queda você me espera e não me deixara cair.

sábado, 5 de julho de 2008

Para Carol, quase sempre.

Campos e espaços pequenos (presos)
No céu de tua boca, meus passos terrenos.
Marcando os passos dentro de teus pequenos seios
Desmatando rosas enquanto passa pela carne estreita
Já feita, desfeita, refeita na memória tátil.
Estreitam-se as horas do fim, escorrendo feito sangue.
Pelo corpo de maio sereno,
Ao fim de mais uma lua em sangue saberemos, no entanto.
Que no amor (no nosso) não há medo, segredo.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Epitáfio para junho.

Então, dezessete pálpebras depois você acorda,
Ninguém ao lado, ninguém em lugar nenhum.
A cabeça doendo, os membros flácidos
Desejo de ter uma camiseta limpa ou um café novo
Mas ai já é tarde, todos os seus sonhos estão mortos.